A Luz se fez, a Luz chegou…
Durante dois longos anos, após os primeiros pedidos, vivemos no compasso do sol.
A manhã nos despertava com seus dedos dourados, e a noite nos envolvia com suas sombras serenas.
Nesse tempo sem fios, aprendemos a escutar o chão, a valorizar o silêncio e a fazer da escuridão uma professora paciente.
Vieram os geradores — não eram estrelas, mas pulsavam como corações emprestados.
Doações de mãos amigas, sustentaram nossos primeiros passos, como lamparinas modernas soprando vida sobre paredes ainda por erguer.
A cada martelada na construção do templo, o zumbido da esperança ecoava — simples, constante, fiel.
Então, um dia, ela chegou.
Sem alarde, como quem respeita o sagrado das madrugadas, a luz elétrica acendeu os olhos da casa.
É como se o tempo, enfim, abriu um sorriso para recompensar a paciência da espera.
Mas quem já viveu sob clarões de afeto, sabe que a verdadeira energia vem de dentro.
E quem já foi iluminado por gestos de solidariedade, entende que há potências invisíveis que nenhuma rede distribui.
A luz chegou, e, perdão pela redundância, vem clarear um ponto de luz, Estrela de Maria, que há muito, a tudo clareava.
E a todos há de brilhar.