Textos


Os Invisíveis.

 

É comum caminharmos pelas ruas e passeios, e, principalmente no nosso ambiente de trabalho, e não os perceber, simplesmente não os vemos. Uma amiga, a qual muito estimo e considero, contou-me uma situação que aconteceu com ela sempre que voltava da casa de sua mãe para a dela. Um trajeto não muito longo, porém, o fazia diariamente durante um período que lhe coube cuidar da casa enquanto os pais estavam ausentes. Sempre que passava ao lado de um supermercado, havia um morador de rua que a cumprimentava, dando-lhe bom dia ou boa noite, conforme o tempo, ao que ela respondia em conformidade. Certa vez, próximo ao anoitecer, caia uma chuva fina e persistente, ela desejou-lhe, como de costume, o trivial boa noite. Para sua surpresa, ele não apenas retribuiu como também, acrescentou um inigualável, e, inesperado, bom retorno para casa!

 

Relatou-me ela, que, a saudação seguida do desejo por ele enviado, fora de forma tão verdadeira e cativante, de uma simplicidade e profundidade deveras marcante, que a consumiu ao longo do caminho envolta a uma autoanálise a respeito de nossa condição de colocar a vida no automático e não darmos conta de quantos não tem para onde retornar. Estão sempre no mesmo lugar, ou ainda menos agradável, sempre indo sem poder voltar. Ninguém os espera. E ao longo do dia, passamos por colegas de trabalhos, servidores em cargos menos expressivos nos corredores dos supermercados, lanchonetes, bancos, e não os notamos, tornam-se invisíveis, simples assim.

 

Marco Aurélio, imperador romano e um expoente da escola Estoica, dizia que todo ser humano é único e tem seu valor e importância tal, que sua morte é algo que não tem comparativo do ponto de vista daquilo que deixamos de aprender com ele. Sua experiência de vida não mais é acessível e nunca saberemos o que ele soube. Donde a unicidade do compreender o outro, do perceber a individualidade do outro, sua forma de encarar a vida, a mesma que dividimos diariamente, cada um em sua fase e compreensão, não teremos mais acesso e foi levada com seu passamento.

 

Perder oportunidades em conhecer, apenas por não perceber que todos somos importantes e que nossa posição é apenas diferente e não superior ao do próximo, é desconhecer a nós mesmo.

Por quantos invisíveis passamos ao longo da vida?

 

 

em tempo: já senti a invisibilidade em algumas reuniões.

LuizcomZ
Enviado por LuizcomZ em 18/01/2024


Comentários
F
Francine IJpima
Verdade, qtas vezes nao vemos as pessoas e qtas vezes nao somos vistos por elas. Eu, sendo uma mulher e negra, sei muito bem o que eh ser invisivel e o que eh pior, ser visivel de uma forma negativa, racista e misógina. Mas enfim, tudo contribui pra gente ser a pessoa que a gente eh 👍🏽
I
Ivone Simão
É meu amigo, as pessoas a tempo se tornaram invisíveis aos olhos de outros, imagina os animais. 😔
D
Denise Moretto
É verdade, meu amigo, quantas vezes ignoramos pessoas, não fazemos caso delas! Levamos a vida só pensando em nós mesmos, e, é com muita tristeza, que digo, não nos preocupamos com o que o outro está passando. Vivemos focados no nosso bem estar, na nossa felicidade, sendo que podemos repartir um pouco do que temos com quem nada tem, seja uma palavra de carinho, de esperança, de amor, seja uma roupa, um pedaço de pão, um bom dia, uma boa tarde, um boa noite. Sempre tem alguém que precisa de nossa ajuda, do nosso carinho, enfim, pelo que entendi do seu belo texto, estamos vivendo omissos neste parte. Jesus quer de nós amor verdadeiro ao próximo. "Ama o teu próximo como a ti mesmo." Se não amamos o nosso próximo, e dizemos que amamos a Deus, somos mentirosos. Jesus nos amou tanto que deu a Sua vida por nós. O A M O R é ação.
C
Carlos Sanches
Luiz com Z , te parabenizo pelo texto , que nos alerta , principalmente sobre o comportamento humano! ! Bem lembrado para que todos nós possamos ficar atentos em nossa jornada neste Planeta Maravilhoso , e termos atitudes aperfeiçoadas ! Abraços - Feliz Natal !! Todos os dias 🌺🌺
J
Juciara Piancó
👏👏Sempre!!👏👏 Ter o dom da escrita, nos leva, ora a um cenário desconhecido, outras, de volta a lugares e ocasiões conhecidos, e também, a conhecermos lugares e/ou pessoas, até então, "invisíveis", porém presentes em nosso cotidiano. Que possamos "estar abertos", para evoluirmos, também, com eles.