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A convivência nos distancia

Vive-se por anos com a mesma pessoa e no entanto, nos afastamos dela sem perceber. Isso não tem nada a ver com não gostar, não amar. Tem a ver com o que os uniu.

Numa relação, as pequenas promessas, os pequenos agrados, as mínimas carícias e tudo o que construiu esse amor, o que tornou esse relacionamento duradouro, aos poucos vão sendo esquecidas, descuidadas, a tal ponto que entramos por um caminho que ambos não percebem durante a caminhada.

O piloto automático está ligado. O respeito, o carinho e o amor ainda estão presentes, mas o que criou esses sentimentos já não participam mais do dia a dia.

Aquela florzinha nativa da beira da calçada, aquele toque suave no rosto apenas para lembrá-lo de que está ao lado, o cuidado com a maneira de preparar o lanche preferido no meio da tarde, responder de pronto quando se é inquirido, esperar com paciência e curiosidade quando está se vestindo para sair, o entrelaçar de mãos e dedos ao caminhar, sentar em silêncio para ver o por do sol, cruzarem os olhares em silêncio e demoradamente quando ouvir aquela música, interromper a leitura quando ouvir um pedido simples para buscar um copo d'água, fazer com carinho quando pedido para coçar o meio das costas..., quando a convivência deixa de lado tais chamegos, a distância aumenta e nem percebemos.

E, de pequenos espaços se criam lacunas intransponíveis num futuro em que essas atitudes farão muita falta.

Conserve o brilho do alvorecer para que o ocaso seja harmônico e sagrado.

LuizcomZ
Enviado por LuizcomZ em 03/11/2023
Alterado em 21/05/2025


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