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MUITO PRAZER, MEU NOME É XITÃO!

Há um  ano e meio mais ou menos, passeava com meu amigo
pelas ruas do condomínio em que moro e percebi uma dor diferente.
Não havia pisado em nenhum espinho, vidro ou muito menos torcido
o pé. A dor insistia e minhas passadas começaram a encurtar e cada
vez com mais dificuldade. Meu amigo me levou de volta para casa e
começou a apalpar meu pé na altura do tendão traseiro.
A cada investida sentia uma dor incômoda e progressiva.
Naquele dia notei que meu amigo havia ficado encabulado e
com um olhar que já conhecia. Era preocupação.
Na manhã seguinte a dor continuava e mal podia apoiar-me
sobre as pernas. Foi quando meu amigo levou-me a um médico.
Não encontraram nada que pudesse explicar aquela situação.
Algumas semanas depois, nem de longe eu lembrava aquele
vigor e agilidade, destreza e exuberância. Minhas duas pernas
já não atendiam direito minha determinação em ir e vir. O pior
ainda estava por vir. Comecei a não controlar minha própria urina
e para complicar urinava a cada quinze ou trinta minutos.
Era como se eu estivesse derretendo e não podia fazer nada para
controlar esse processo. Meu amigo, que sempre saia comigo
para passear ficou muito triste e completamente sem foco e direção.
Deixou até de tomar os próprios remédios o que o levou às pressas
ao pronto atendimento do Hospital João Paulo II, que fica ao
lado do nosso condomínio. Sua esposa até briga com ele por
minha causa. Não pelo que me aconteceu ou por mim mesmo,
mas, por ele. Para evitar que ele se esqueça dele próprio.
Um tempo depois, eu já não conseguia nem mesmo me locomover
a pequenas distâncias. Havia também muitas escaras espalhadas
por minhas pernas, bacia e minhas unhas cresceram
assustadoramente, já que eu não podia usá-las cavando,
coçando, e principalmente correndo. Quem as corta até hoje é ele.
Algum tempo depois meu amigo me deu o maior presente que eu
jamais pensei um dia precisar. Uma cadeira de rodas.
Bem, não é bem uma cadeira, na verdade é um carrinho adaptado
com colchonete e espaço suficiente para que eu possa deitar,
espreguiçar e o que é mais legal, posso voltar a andar com meu
amigo novamente. Saímos todos os dias pelo condomínio
sempre em horas alternadas, seja pela minha ou pela
disponibilidade do meu amigo. O importante é que voltei
a andar novamente e ver os outros amigos pelas esquinas,
pelas frestas dos portões, correndo atrás de carros, gatos ou
simplesmente curtindo á sombra de algum arbusto.
A propósito, hoje dia 1º de Novembro meu amigo completa
69 anos de vida. Parabéns, Wilson!
Amigos se conhecem na adversidade.
Não sei o que seria de mim sem você!



(Relato baseado naquilo que seria um depoimento
pelo reconhecimento de um Pastor Alemão pelo
tratamento recebido por conta de seu dono e amigo)

Conheça Xitão e seu amigo Wilson: siga no Youtube

http://www.youtube.com/watch?v=wr7ZjoKG-XQ


LuizcomZ
Enviado por LuizcomZ em 04/11/2009
Alterado em 19/10/2012


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